terça-feira, 10 de novembro de 2009

Formulação do Problema do TCC

"A problematização - etapa do planejamento científico que mais costuma tirar a noite de sono dos pesquisadores, sobretudo dos iniciantes - nada mais é do que a proposição de uma questão que se buscará responder por meio de pesquisa. Em outras palavras, problema é a pergunta que a pesquisa pretende resolver.
Pelo que tenho visto, a dificuldade maior da problematização pelos estudantes decorre mais pela falta de maturidade ou de conhecimento do tema, do que pela dificuldade própria de construção do problema. Um tema bem delimitado e uma revisão sistemática da bibliografia já anunciam para o pleno êxito na formulação de um problema de pesquisa.
Não adianta, entretanto, querer pular etapa e ir direto ao problema, já que este resulta de um processo de amadurecimento e reflexão sobre um assunto, que depois se tornará um tema, até se chegar à problemática.
Do ponto de vista metodológico, um problema de pesquisa deve atender a alguns requisitos. Como sugere Gil (2002), um problema deve ser:
a) claro e preciso (todos os conceitos e termos usados em sua enunciação não podem causar ambiguidades ou dúvidas);
b) empírico, isto é, observável na realidade, que pode ser captado pela observação do cientista social através de técnicas e métodos apropriados;
c) delimitado;
d) passível de solução (é necessário que haja maneira de produzir uma solução para o problema dentro de critérios metodológicos e de cientificidade).
As quatro dimensões citadas acima devem ser usadas como um crivo para o pesquisador examinar a consistência do seu problema. Antes de formulá-lo no papel, seria oportuno questionar-se: o problema, nos termos que o coloco, é claro? trata-se de questão passível de solução? é delimitado? é empírico?
Para formular o problema, devemos transformar o tema em uma pergunta. Por isso, o melhor caminho para a redação da problemática no corpo do texto do projeto é utilizar uma de frase interrogativa.
Em geral, os pesquisadores em ciências sociais e nas ciências naturais têm em mente perguntas de relação causal ou aquelas que visam conceituar e descrever a ocorrência de um determinado fenômeno.
O que é e como ocorre o fenômeno? Por que ele se manifesta? Quais são seus efeitos e impactos? Estas são algumas das formulações lógicas que podem orientar uma problematização, dependendo, é claro, do objetivo do pesquisador. Uma pesquisa que investigue a relação causal, por exemplo, terá que questionar acerca da causa do fenômeno e não sobre como o mesmo se dá. Este último enfoque resultaria em uma pesquisa descritiva e não explicativa.
A experiência tem mostrado que a utilização dos critérios mencionados acima gera resultados satisfatórios. No entanto, é necessário que se repita: o problema resulta de um trabalho arduamente desenvolvido pelo pesquisador e não surge do vácuo.
" Prof. Dr. José A. Teixeira Gonçalves.

Dicas para Delimitação do Tema do TCC

A dica é do Prof. Dr. José A. Teixeira Gonçalves:

"Não raro o assunto de pesquisa é confundido com o tema. O primeiro é mais abrangente, comportando diversas possibilidades de recorte, enquanto que o segundo consiste naquilo que o pesquisador pretende abordar com parâmetros precisos em sua pesquisa.
Diversos estudantes ou pesquisadores podem abordar um mesmo assunto, o que não significa que todos tratarão do mesmo tema. Podemos dizer que o tema é o assunto delimitado.
Depois de escolhido o assunto de pesquisa é preciso ainda afunilá-lo, circunscrevê-lo. Para ajudar nesta etapa, podemos estabelecer alguns critérios para a delimitação do tema.
Um primeiro critério é o espacial (GIL, 2004, p. 162). Por ser a pesquisa social eminentemente empírica, é preciso delimitar o locus da observação, ou seja o local onde o fenômeno em estudo ocorre. Um estudo que trate da violência urbana, por exemplo, pode comportar diversos recortes espaciais (um município, uma área metropolitana, uma região, etc). Certo é que o parâmetro espacial escolhido implicará no resultado dos dados obtidos e nas conclusões do estudo.
Outro critério de delimitação é o temporal (GIL, 2004, p. 162), isto é, o período em que o fenômeno a ser estudado será circunscrito. Podemos definir a realização da pesquisa situando nosso objeto no tempo presente, ou recuar no tempo, procurando evidenciar a série histórica de um determinado fenômeno. Uma investigação sobre micro-empresas, por exemplo, pode situar-se no momento corrente, durante um período abrangido por um determinado plano econômico (Real ou Cruzado, p.ex.) ou ainda nos últimos 10 ou 15 anos. Tudo depende, é claro, do objetivo do pesquisador em elaborar o dado recorte.
A delimitação deve se ater, para usar a terminologia da Victor Franz Rudio, à definição do "campo de observação" (RUDIO, 1985, p. 72-75). Este comporta, além do local (recorte espacial) e circunstâncias (recorte temporal), a população a ser estudada.
A população consiste na definição de quem será objeto da pesquisa. Este quem pode se referir a um conjunto de empresas, ou aos pacientes sob determinado procedimento clínico ou ainda a sujeitos que serão indagados acerca de seus comportamentos ou visão de mundo (exemplo, os praticantes de uma determinada religião). A população do estudo dependerá, obviamente, da área de conhecimento na qual ele se insere e no propósito de cada pesquisa.
Diante desses critérios, tratemos então de definir o nosso campo de observação, visando elaborar um projeto assentado sobre tema consistente e preciso."